segunda-feira, 19 de março de 2012

Quiproquó

Acreditara que valeria à espera,
mas sequer passou de uma quimera.
Ajoelhara-se almejando remissão 
de tamanha tolice, bobagem ou confusão. 
Enganos a florir mentes,
bobo a dissimular o que sentes. 
A mente que sente
ou a gente que mente?

sexta-feira, 16 de março de 2012

Cobiça.

Ah! Quem me dera ser como o céu
que está sempre fotogênico.
Quem me dera ser como sorvete
que você gosta até lamber os dedos.

Quisera ser o céu
ou a lua
nada de escarcéu
apenas tua.

Quem me dera ser como algodão
algodão doce
que você se lambuza inteiro
mas não abre mão.

Quem me dera ser uma flor
que espalha beleza e perfume
mas sabe a proximidade da dor.

Ah! Quem me dera ser como ela:
absurdamente linda
e eternamente tua.

domingo, 4 de março de 2012

Folgares Lascivos.

Podes bradar que a beleza acabou
Ou afirmar que existir, sequer, ousou
Entrega todo o mérito a sentimentos nocivos
Tais quais, estes malditos folgares lascivos

Minh’alma rendida a um impassível escarcéu
Ora cedo, ora tarde acabarás num mausoléu

Não há relógio ou café para marcar-te
Não se enganes, nada me parte.
À minha vista apenas tuas costas
Ainda há muitos ponteiros para trazerem respostas.

Perdoar-me vais, sei.
Habitudinário como ti está por nascer!
Gostas de enganar-se com um frugal sentimento belicoso
Quanto a mim, encanto há em tal sabor delicioso.

Pouco importa como engodar
todas as colunas tendem a dilapidar.
Sempre soube que de certo é o costume
E apenas um há de sair incólume.

Pacífico.

Quero a tua pele nua, quero mergulhar de olhos abertos num tremendo clichê. Quero o pseudo-amor da carne crua e me ver refletida numa parede de você. Quero os músculos exaustos do teu braço e o prazer que chega sem se ver. Quero o enlace do holocausto vívido, sem me sentir inerte a tudo que paira apressado ao meu redor. Quero muito, mas não tudo agora. Também não me encanta apreciar ao longe, quero entre meus braços para deleitar-me com o apreço da paciência. Dentre quereres vou me esguiando, esperando o que devia aqui já está. E nessa espera vou desejando, que venhas apenas quando estiver decidido a ficar.  

Notas de observação da desgraça alheia.

Nem sei desse mundo vã. Será que já adentrei-o alguma vez? Todos aqueles clichês de borboletas que visitam estômagos, de mãos que transpiram rendidas à aflição, de palavras que somem quando olhos se encontram… Será que já os senti de fato ou forcei-me a senti-los? Palavras bonitas e pessoas feias, que buscam retirar alguma beleza desse mundo dito belo. Mal sabem que o acontecido vem de dentro pra fora, mal sabem quanta dor carrega a decisão de permitir que algo saia de nós. Agora sentes e permite que coisas bonitas saiam de ti, em troca recebe coisas bonitas que saem do outro, e assim ficam por um tempo indeterminado, nessa troca prazerosa de beleza. Chegue cá e descubra que o belo também tem prazo de validade e com o tempo é preciso bem mais que isso. Com o tempo o feio, enciumado, decide sair também. E pessoas feias não querem receber mais feiura. Querem apenas o bonito com um toque de perfeição, mas ao invés disso, ganham o bonito misturado ao feio e simplesmente não sabem lidar com sua própria essência. E num ato mecânico de defesa decidem também liberar algo feio, afinal não podem se sujarem sozinhos. Desgraça em grupo é mais prazerosa, pois a fraqueza ganha força ao lado dos fracos. Começa com uma aparente troca positiva, mas logo passa a se mostrar como um jogo de azar. Ah! Mas afinal quem sou eu pra falar?

Ah! Girassol gira em busca do sol, e eu, posso fazer uma analogia clichê com este fato sabido.

Você costumava iluminar minhas manhãs nebulosas e esquentar minhas tardes gélidas. E o sol não deixa de ser sol só porque a lua o aprisionou num terrível eclipse. O eclipse tapa o sol, mas não os espasmos de lembranças que alegram-me o espírito. E aí quando ‘cê some sabe que eu giro [feito boba] atrás de ti. E nesse giros vou tonteando-me e trocando o gracejo por agonia. Oh meu bem! Não imaginas o aperreio que estou a passar… Aqui faz um frio de trincar os dentes amarelados, enquanto você brinca de se esconder atrás dos astros. Esse troço de gostar é de uma tonteira absurda, findo tola e ateada girando em busca de meu bem. Esse troço de girar não é lá muito simples, mas preciso banhar-me nas forças dos raios que de meu bem vem.

Reflexões Solitárias.

Cobra agora de quem ainda precisa de tempo. Deseja agora o que não está pronto para cair em tuas mãos. E diga que tem virtudes, e que uma delas é a calma. Grita rendido ao desespero do vazio, grita querendo que o balão venha sozinho e te leve pra voar. Dobra os joelhos crendo que te redimem dos pecados, quando usados pra rezar. E diga que tem virtudes, e que uma delas é a calma. Clama para a solidão, clama para que vá e esqueça-se de voltar. Mas com quem dançará, se ela se for? Para pra pensar e recomeça a gritar. Creio que sabes que gritos mudos não são ouvidos… Creio também que desejas vulgarizar toda a beleza da qual dispõe. Mas queres isto agora, e não podes. Todavia, lembre-se de dizer que tem virtudes, e que uma delas é a calma, mas que de nada vale sem antes acalentar a alma.

A Primavera de Vera.

As borboletas coloriam o jardim,
os pássaros cantavam feito um clarim.
Ela sorria, e sei que não era pra mim.

Primeiro primavera para Vera,
a minha vinha depois
tudo que quisera ser, já era
afinal não tinha pressa, pois…

Vera sempre aos dentes mostrar,
o rapaz sempre a pegando para rodopiar.
Ela, feito aspirante a bailarina
enquanto eu, desejava um pouco daquela morfina.

Aparentava uma adorável diversão,
poderia dizer ‘sim’ ou ‘não’.
Um incrível forma de colorir
que nada sabia de luzir.

Vera, ó pobre Vera!
Confesso que eu a invejava
mostrava o brilho da primavera,
mas agora sei da dor que carregava.