sábado, 26 de maio de 2012

Bailar com Asas de Ilusão.


Luzir, moço.
Com olhos singelos
E peito não mais frígido.
Frigidez, agora apenas aconchego.

Na quietude de todas as noites
Tão mornas
Tão solitárias
Tão noites, afinal!
Você me vem quiçá sinal.

Permitir captar as ondas sonoras
De tamanho desprazer tão prazeroso
Falas alheias apaziguadas
Na sanidade de timbre tão novo.

Olhando para passos invisíveis
Pois os mais valiosos não usam de visibilidade.
E é assim, moço…
Nessa dança cega e insana que permito envolver-me
Nessas ruas quentes com histórias frias
Que ouço o texto tão teu emoldurado em voz alheia.

Todavia, sempre a lembrar:
A lei é sorrir,
Pois a qualquer hora
Pode-se encontrar outro par
E então saberás que é hora.
É hora de recomeçar a dançar.

Prepotente Inconformidade


Qualquer
‘‘Anywhere’’
Numa esquina qualquer
Onde não mais me quer

Num lugar estreito com alguém
Porque não mais me tem?
Imerso num quiproquó tamanho
Rendo-me a braços de estranhos.

Sim, minha porta continua aqui
Talvez não aberta
Mas batas, sabes que eu hei de sair
Afinal, o que mais fazer quando a saudade aperta?

Aperta
Qualquer coisa aperta
Agora a falta. Da falta, por ventura.
Agora alguém sem o fardo de nome tão comum
Me aperta.
Trágico! Porque mesmo não despertas?

Moço, a vida vai além…
Além dos talentos
Dos desalentos
Dos martírios
Das alegrias…

A vida vai,
Mais vida vem.
Mas para irmos além,
Quando você vem?

Dança da Tolice.

A verdade, por mais que me doa dizê-la, é uma só:
sempre te quis de volta.
Talvez até quando ainda te tinha (se é que tinha).
Um dia sem tuas palavras pouco sabidas
e eu já sabia que te queria de volta.
De volta nas minhas madrugadas repletas de leite, livros e solidão.

Uma semana de viagem sem aviso prévio
e eu te quis de volta, mesmo achando que não mais me querias.

Errei, enlouqueci, talvez… Mas não foi culpa minha.
Tampouco tua.
Não que precisemos de um culpado,
mas o destino é sempre uma boa opção.

Trinta meros minutos de silêncio
e eu já te queria de volta.
E eu sempre te quis de volta,
mesmo antes de saber para onde deverias voltar…

Um instante de distração em rosto ou fala alheia
e eu te queria de volta.
E eu te quis, sempre à minha volta.

Mas sei que tu não és de realizar desejos alheios
e é assim, na interminável teimosia do teu egoísmo clichê,
que insanamente eu sempre te quero de volta.

Mais Um.

Aí você estufa o peito remendado, cheio de falso orgulho, e diz com toda a convicção que ele já é passado. E pior, você realmente acredita nisso. Tempo de renovar. Rever. Refazer, mas não o que já foi feito. E então descobres, numa noite solitária de sábado impiedoso que tal indagação era ilusão da tua mente pouco sã, descobres que ele ainda está abrigado em cada verso, em cada refrão… Abrigado no teu peito… Aí as palavras somem e você até tenta escrever algo para sumir da tamanha aflição que acaba de tomar conta de você, mas como disse: as palavras somem. Sorrisos sumiram. Você sumiu. As lembranças ficaram. Eu fiquei.

Feito sem asas, mas feito pra voar.

Veio sem remetente
Findou algo insanamente latente
Escapou pela tangente
Logo doente

Estranhamente são
Demente mente
Tanto almejara gritar “não”
Negar com boca e aflição.

Possessa possuída
Por algo que não pode ter
Tola distraída
Desejando ter o que sequer vê.

Lápide absurdamente inútil
Para que raios epitáfio,
Quando há pele e peito fútil?

Desejar bordar-se
Pois nunca mais choraste.
O que possui volta
E volta, para nunca mais ter de voltar.

Sim, sabes… irá voltar
Mas agora é época…
Agora é época de voar.

Desumanizar para ser humano.


Os astros hão de ter alguma grandiosidade intangível
Enquanto as pessoas são feias e frias demais para o que é grandioso,
A natureza é em demasia encantadora
As pessoas (algumas delas) hão de ter cores
Mas jamais o encanto da natureza.
Os sentimentos podem ser absurdamente corajosos ou covardes
E esses sim, podem estar num grau de igualdade com as pessoas.
Ora covardes, ora astuciosos.

Mas a vida?
Ah! Essa vida mesquinha…
Não há meio-termo
Essa vida é humana demais para ser feliz.

Clichê, que como todos, correm para você.


Ô moço, quanta bobagem!
Achas mesmo que nessa tamanha viagem
não sei de tamanho quiproquó
que é ousar render-me a com ti ser nó?

É só tropeço,
sem endereço.
Te mereço,
mas não tenho apreço.

Saber não me impede de ser
ser também não me impede de saber.
Sei que tu já não me queres
se é que um dia o ousou fazer.

Saber não me impede de sentir
mesmo que eu tenha que viver sem ti.

Sufoco, rimas pobres
e a crença, todavia equívoca, de que algum dia
nas minhas entrelinhas tu se descobres.

sábado, 5 de maio de 2012

Falta da falta de você.





Você disse que sentimentos valem mais que promessas. E logo quebrou as promessas, porém acho que se esqueceste de sufocar os sentimentos, até que estes resolvessem me deixar. Sozinha, todavia intacta. Logo eu, que tu sabes o quanto detesto a solidão, cá estou implorado para que ela mesma, tão temida, roube o lugar de meias-paixões. Meu colo já não é mais teu refúgio, menino. Tu já não és mais meu poço de confissões. Já não sou mais tem bem, porém ainda me tens. Não querer, não é poder não ter. Doar-se sem remetente, carrega uma mágoa que escapa pela tangente. Tem gente querendo ter, o que és teu por direito. Mas se cuidas de esquerda, logo virá à perda. Tento com os olhos entregar-te o passaporte, mas não me enxergas. Piscar de olhos, a vida [que não é vida] clama por mim, e eu, preciso atendê-la. Por onde andará teus largos ombros, tua pele inconstante, teu peito intangível? Mas é sempre a pior das dúvidas que me consome, feito o cigarro que se finda entre teus dedos. Por onde raios andará a tão sublime repulsa que costumava vir a mim quando o assunto raramente era você?

Luzir.

A lua em seu pertinente estado de beleza invade o quarto pela fresta difusa da janela velha. E será que é de lá, desse astro distante, que brota a luz nessa escuridão infinda que se tornaram os dias e o quarto com a noite e a ausência de eletricidade. Preciso de novas esquinas, mas vai que a nova esquina é perto da tua nova moradia? Mas vai que tu me contaste todos os teus segredos e eu sequer notei? Sabes que mistério planta instiga, e para um subterfúgio desesperado de fazer brotar desamor, acabar com o encanto tenha sido o que de melhor encontraste! Sinto não ser das mais falantes, qualquer luz sou eu. Luz no fim do túnel, luz que te chama, luz na escuridão ou uma dessas lâmpadas fosforescente quaisquer.