quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Generalizando à maestria masculina.

Fechava os olhos e se perdia numa das introdução esplêndidas de uma música do Pink Floyd. Desta vez não havia Russian Red para embalar cada lágrima que encontrava, por teimosia, o chão. Desta vez não haviam lágrimas. Sabias que ser boba era equívoco extremo, e tentara de toda alma não o ser. Mas o moço a pegava pela mão, a rodopiava noite adentro. A tocava com cautela, com carinho, talvez… Selava-lhe os lábios e falava em gostar. Entregava madrugadas à conversar com a dama, pedia para que se cuidasse. Iniciava discussões para ganhar beijos por fim. Rendia-se aos meios modernos de comunicação, para sabê-la a todo instante possível. Cantava-lhe belas canções, até mesmo francesas e sempre a olhava nos olhos. Contava quão vital era a aprovação da moça, para sua nova canção seguir gravação. A convidava para lugares extraordinários, ainda que soubesse que ela não poderia acompanhá-lo, mas insistia, pois queria sua companhia. Falava em viagens a sós, sem rumo. Andava com a moça sob seus pés, a sorria, a amava, a fazia mulher. E a dama forte, fez de um tudo para não render-se à aparente romance. Mas com tantos sinais, era inevitável que não ficasse prestes a despencar nesse abismo multicolorido. Pensava estar em segurança, “mero gostar” repetia para si mesma e acreditava em tal. O tempo arrastado levou consigo os rodopios, as canções, as aprovações, os convites, as madrugadas, o corpo envolto em chamas esquentando as madrugadas… Nada restara. Vei-se então um aperto no peito, umas lembranças inadequadas e uma vontade de voltar. Voltar e admitir que gostava e não era pouco, que amava canções ao pé do ouvido e encantava-se tão facilmente pelos toques que deveriam ser proibidos em público… Vei-se a constatação de que gostava e poderia viver muito bem com a falta. Certo que com a presença os dias seriam mais coloridos e amáveis. A moça tentou, e até ousou, crer que apenas gostava, mas depois notou quanta falta sentia e não a culpem. Ela foi mais forte do que todos esperavam. Culpado fora ele que dera todos os sinais de um gostar recíproco, mas foram apenas sinais, nada de certezas.

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