sexta-feira, 6 de abril de 2012

Clichê Conto Escasso.


O sol batia na janela e anunciava feito trombone que era hora de levantar. Ana pulava da cama e ainda em vestes de dormir, corria com olhos apertados para o seu pequeno jardim.
 Enfincava-se num pneu suspenso por cordas, que servia de balanço e rodopiava, balançava, sorria e os olhos brilhavam. Um, dois, três… sete rodopios. Quando chegara num giro rápido demais para ser contado, mas o suficiente para deixá-la tonta, deparou-se com um vulto de menino-moço em roupas bem postas. Ela parou, ele a olhou, ela sorriu, ele a cortejou, ela estremeceu, ele se aproximou, ela fugiu, ele a esperou. 
 E esperou enquanto ela se escondia da vã possibilidade de amor. Encostada na porta pensava no que fazer, para onde correr e no constrangimento de ser vista por moço tão nobre com aquelas vestes medíocres. Ela abriu a porta com receio, enquanto ele a olhava com um encanto absurdo que escapava pelo brilho no olhar. 
_ Ô Ana, porque fugistes de mim?
A moça ficou vermelha, se sentou num canto estreito do jardim e juntou as mãos em volta de seus joelhos. 
_ Olhe-me e digas que não sabes!
Ele acatou tais ordem e a olhou. 
_ Ouso dizer que não vejo motivos. 
E aquelas palavrinhas poucas e sinceras pareciam carregar alguma luz extremamente radiante para a mocinha. Ela enterrou a cabeça nos próprios joelhos, ele sentou-se lentamente ao seu lado e tocou os cabelos emaranhados da menina. Ao sentir tal toque ela pode conhecer às tão famosas borboletas que gostam de visitar estômagos. Levantou a cabeça aos pouquinhos e o olhou com medo. Não medo do moço, mas sim, medo do que sentia, inundada no desejo que ali surgia.
 Olhos já haviam se encontrado, mãos ela fez se encontrarem. Sorriram, desbravaram, admiraram e se amaram. [mas nada sabe-se do felizes para sempre]

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