sexta-feira, 27 de abril de 2012

É só mais um clichê, nem vale a pena ler.

A primavera há de chegar, diz o orvalho fresco que se faz mais leve com o passar dos dias. E trata de correr, prepara o jardim que a primavera há de chegar logo. Cuida bem da tua terra, moço. O povo já se cansou de tanta chuva cair, de tanto suor pingar, mas a época de florir traz consigo tanta felicidade! O quintal fica repleto de cores, de flores que chegam para espantar os intempéries. O peito fica espaçoso e tem gente que gosta de sentar no quintal para esperar a visita dos beija-flores. Ah, quanta beleza! O povo enche o peito largo de esperança e dança, mesmo sem a magia do desabe do céu. Mas eu gosto mesmo é de me bordar aos lençóis frios do quarto pequeno, com paredes cegas que não tem histórias para contar. Nessa época a única opção é se trancar no vazio de casa e nem ousar deixar o olhar escapar pra ver tantas cores. O querubim gosta de vir à minha janela pra admirar o jardim que passo o ano inteiro cultivando, mas que nem aprecio quando decides florir. Mas o que posso fazer se o querubim vem trazer você pra mim? O que posso fazer se você não quer vim? Tudo que me resta é me trancar num quarto apertado demais pra guardar memórias e frio demais pra pensar em ti. Talvez ainda ajam motivos para chorar por um amor que acabou, mas eu prefiro sorrir. Por isso enquanto o povo se prepara podando terras e abrandando corações, eu procuro as cortinas mais coloridas para enfeitarem minhas paredes, já que não poderei ver as cores que enfeitaram o meu jardim. Amo flores, amo você. Mas afinal, assim é a vida, não é? Feita de abdicar do que amamos para ver se conseguimos nos amar. Quanta tolice, escrever sobre a primavera que me trás você. Que nada, engano. Seja inverno, verão, outono ou primavera, minha estação é sempre você.  

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