sexta-feira, 6 de abril de 2012

Estopim.

Desejara tanto o meu batom, ser mais importante que o toque dos teus lábios. Preservar as sutis cores de minha boca, e por consequente preservar-me de futuros infortúnios. E as mãos… Ah! Estas deveriam ser intangíveis por lei. Com aquele suor que escorre das entranhas e pinga na pele macia que acalma, com o desbravar de terras tão miudinhas que escondem tantos tesouros. O carnaval já passou, meu bem. Findou o tempo do seja-lá-o-que-for, use daquelas tantas palavras. Triste é saber que sempre haverão estas páginas cada vez mais  amareladas para despertarem em mim essa nostalgia tão filha da mãe. Agora eu penso em desistir, mas sei que a noite vai chegar e eu, vou esquecer de mim. E sufocar no emaranhado de lençóis que exalam o teu perfume, e assolar estas malditas terras memoráveis que fizeram morada na minha mente. Olhos, ombros, fios e pés. Pés que esfriam quando deveriam esquentar. Olhos que veem tudo, mas não me enxergam. Ombros que insistem em me encarar. Fios que se bagunçam sem o meu toque sutil. Toque que acha que finge que nada quer, toque bobo que evidencia tudo que deveria camuflar. Teus ombros, como sempre me fitando, exclamaram para que eu fosse embora, para que eu desbravasse outros territórios, que teu coração [por mais que não parecesse] há muito havia sido encontrado. Teimosia. Fiquei. Mas não porque necessitava do brilho dos teus olhos ou das tuas declarações forjadas. Fiquei, pois precisava ficar. Pois algo que escapa à margem das explicações cabíveis fixou minhas raízes neste solo daninho e infértil. Me mandaste ir, mas fiquei. Porém não se engane, isso não quer dizer que eu te amei. A única certeza que tenho é a de que o meu batom borrei, mas minha alma não desmanchou.

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